Após o casamento, e antes de partir para o sul do país, foi laborando no campo, em Louredo, onde dava metade da colheita (milho, feijão, centeio e uvas) ao patrão, Sr. Arcelino Barbosa, deslocando-se à sede do concelho, quando queria bacalhau, arroz e açúcar.
Com 22 anos, é o momento de partir para Almada, a terra elevada por Fernão Mendes Pinto, que foi uma aventura que durou 13 anos. Começou por exercer atividade profissional, no ramo da cerâmica, mas o “trabalho começou a falhar, não havia” e foi, então, que entrou em cena o amigo, Sr. Presas: “Tónio, esse trabalho não presta para ti. Queres que diga ao Fortunato para arranjar outro trabalho?”. O Sr. Portela agradeceu a ajuda e avançou para um armazém de mercearias.
Mais uma nova etapa começou a preparar-se, depois de um cunhado ter ido para a Alemanha. Pouco tempo antes de Willy Brandt, ex-chanceler da Alemanha, receber o Prémio Nobel da Paz, o nosso vieirense chegou às proximidades da cidade de Bona, a terra de Beethoven, após uma longa e extenuante viagem de comboio.
Pouco tempo depois, veio também a mulher, no entanto, a nostalgia por Portugal não diminuiu. Como anotou a escritora Maggie O`Farrell, no livro Hamnet, num pequeno momento relacionado com uma casa nova, fora do círculo do habitante: “Viverá nela, mas nunca será sua”.
Na Alemanha, viveu 6 anos, começando a “trabalhar numa fábrica de papel e, depois, numa fábrica de peças para carros”, mas encontrou sempre o mesmo obstáculo: a “fala”. Até que um dia, o patrão disse: “Vieira, vai de férias e volta quando quiseres”.
O Sr. Portela nunca mais voltou e vive confortável com um pensamento: “Felizmente, todos os patrões que tive gostaram de mim”.
Tinha chegado o momento feliz de “regressar à terra”: “Depois de ter amealhado dinheiro, comprei umas leiras e a casa. Não tinha ainda 50 anos”.
Este regresso a Louredo fez com que comprovasse as palavras de um viticultor do Dão: “Não há melhor adubo para as plantas que as botas do dono”.
Encontra-se, há 3 anos, com a sua esposa, D. Clarinda Pires, no Lar de Santo Amaro, em Cova, a poucos quilómetros de sua casa. Agradece o carinho diário que recebe, de todos os funcionários da instituição, sem nunca esquecer o momento mais triste da vida que foi o falecimento da sua mãe.