Sempre que há um acontecimento negativo com um amigo, seja no sentido de o confortar, quando é mais grave, seja no sentido de fazer troça, quando há lugar para a brincadeira, há uma expressão que não desaparece do léxico do português comum: “O que importa é ter Saúde!”. A Saúde, constitui, verdadeiramente, um fator de enorme relevância na vida de qualquer indivíduo, mas há uma questão que se impõe: E quando não nos garantem Saúde?
Em 2018, a Extensão de Ruivães do Centro de Saúde de Vieira do Minho deixou de contar com os serviços prestados pelo Dr. António Jorge Louro, que acompanhava esta unidade de saúde desde que tenho memória. Desde então, com apenas quatro anos volvidos, os utentes deste Centro de Saúde, maioritariamente provenientes das freguesias de Campos, Ruivães e Salamonde, apresentaram-se a cinco médicos de família diferentes. Passaram, por Ruivães, médicos que a maior parte dos utentes não chegou a conhecer, tal foi a brevidade das suas passagens. Esta constante mudança de médico criou uma instabilidade desmedida, com doentes a deixarem de ter acompanhamento em especialidades cruciais para os seus problemas de saúde.
Ao longo das últimas semanas, não havia possibilidade de marcar consultas com o médico de família, havendo apenas uma brecha temporal, logo à abertura da unidade, para consultas abertas. Nestas, não havia espaço para os problemas comuns às consultas agendadas. Pedidos de consultas em especialidade, avaliação de análises clínicas ou sintomas de qualquer anomalia física ligeira não eram passíveis de ser tidos em conta numa consulta aberta.
Hoje, podemos ver que a Extensão de Ruivães não tem nenhum médico atribuído. Será temporário, certamente. Mas até quando? Até quando vão as comunidades de Campos, Ruivães e Salamonde viver em constante instabilidade, sem saber se têm médico e com a noção de que o seu médico de família não faz ideia de quem eles são? Até quando vão ter de se apresentar a um novo médico de família e expor-lhe todo o historial clínico a cada vez que conseguem uma consulta?
É tempo de tomar medidas. Estas três freguesias exibem uma tendência ao envelhecimento populacional, à semelhança do que acontece no interior de todo o país. É crucial travar este flagelo que prova a desertificação do nosso território. É preciso inverter a marcha, com soluções que dignifiquem o interior, criem oportunidades de carreira e condições de vida atrativas, permitindo aos residentes manter-se nas suas aldeias, bem como trazer novas caras à região. Nesta caminhada, a qualidade da Saúde é essencial.
Se o que importa é ter Saúde, sem Saúde, nem os mais resistentes cá ficam…