Os últimos dias têm sido marcados pela polémica do acesso à Praça Guilherme de Abreu, nomeadamente em frente ao Café/Restaurante Central, Pastelaria Da Nova e Café Cabreira.
Muito se tem dito e escrito. Não vou entrar em pormenores porque parece-me demasiado óbvio que a atuação da Câmara não respeita a lei e não tem em conta os interesses de todas as partes.
Enquanto membro da Assembleia Municipal enviei requerimento a solicitar as seguintes informações:
- Em que momento foi deliberado pela Câmara Municipal o fecho, a cadeado, daquele acesso?
- Que órgão decidiu a alteração da sinalização vertical que existia naquele espaço?
- Sendo que o acesso àquele espaço acontecia desde que o atual Presidente exerce funções o que se alterou nos últimos tempos para que, subitamente, se tenha fechado a cadeado o acesso para cargas e descargas?
- A Câmara Municipal afirmou em comunicado que teve “sucessivas e constantes reclamações relativas ao uso indevido daquele espaço”. Pergunto: Quantos autos foram levantados pela Polícia Municipal por uso indevido? Em que datas?
Há muito que afirmo que a Câmara é gerida como se fosse “coisa privada” e não “coisa pública” e este caso é um belo exemplo disso mesmo.
O Presidente decide e a coisa acontece.
Decide pôr um cadeado, cadeado posto.
Decide meter lá uma pedra, pedra colocada.
Se o cadeado não resolve, é para soldar! Pilarete soldado.
Há um sinal a autorizar cargas e descargas? Então é para tirar também!
Estão a colocar cravos naquela zona? É tirar tudo! Manda quem pode!
Convém dizer que não estou a falar apenas do Presidente da Câmara! Estou a falar da vice-presidente, dos vereadores, dos assessores e de todos quantos têm responsabilidade política. Quem vê estas atitudes e fica calado é co-autor das mesmas. Não vale a pena vestirem a pele de cordeiro e dizer que até nem concordam, se depois nada fazem. Há questões de consciência e dignidade que valem mais que um emprego!
Como disse, este é mais um episódio. Só e apenas mais um episódio, entre tantos outros.
Sabemos de pessoas que são ameaçadas por escreverem críticas à Câmara nas redes sociais.
Sabemos de funcionários da Câmara a quem são pedidas satisfações porque algum familiar discordou publicamente de alguma ação da Câmara.
Sabemos de pessoas que não podem falar porque moram numa habitação da Câmara ou trabalham para a Câmara…
Dizem-nos ainda que há pessoas a quem não se renova contrato na Câmara porque têm relação familiar, ou outra, com alguém que têm opções partidárias diferentes. Garantem até que há pessoas que são ameaças ou coagidas por ousarem integrar listas de candidaturas autárquicas que não as do poder instalado.
E toda esta repressão veste sempre a capa imaculada da bondadezinha.
Pena é que os donos dessa capa continuem a fazer a vida negra às pessoas que ousam pensar pela sua cabeça.
Custa a crer que em 2022 ainda se viva tal ambiente de repressão.
No mais recente comunicado da Câmara está escrito que “os Vieirenses, ainda recentemente escolheram livremente quem os representa e defende os seus interesses”. Parece que na Câmara se confunde maioria absoluta com poder absoluto. Nada de surpreendente.
A mim, e a muitos outros Vieirenses, os senhores não representam e nunca deixaremos que nos prendam a cadeado! Percebe-se cada vez melhor porque é tão difícil ser livre em Vieira: é que se alguém “parte o cadeado” os donos de Vieira mandam “soldar”!