O PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS

Relativamente aos preços dos combustíveis,

Com a entrada em funções do governo do PSD e do CDS-PP liderado por Durão Barroso, em 2002, ficou clara a intenção de liberalizar o preço dos combustíveis. O então ministro da Economia, Carlos Tavares disse logo em Setembro desse ano que a liberalização iria conduzir a “maior concorrência e à descida dos preços”.

Desde a liberalização do mercado, entre 2002 e 2004, a carga fiscal disparou 58% no gasóleo e 27% na gasolina, segundo um estudo da Autoridade da Concorrência. Quando se prevê que 8 a 9% do encaixe do OE seja feito à custa dos impostos sobre os combustíveis , já entendemos o peso que esta carga fiscal tem para o país.

Além da cotação ser estabelecida a nível internacional, há que ter em conta que qualquer fator de instabilidade nos países produtores vai afetar o preço da matéria-prima. E logo aqui percebemos que existem fatores que escapam ao controlo de quem importa o crude.

Esta enorme subida é o reflexo da guerra na Ucrânia e do consequente aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais. Na última quinta-feira, o preço do barril de petróleo Brent subiu para 116,8 dólares, um novo máximo desde agosto 2013.

A elevada carga fiscal é sem dúvida a grande responsável pelo elevado preço que os portugueses pagam pelos combustíveis. Quanto a isso não há dúvidas, infelizmente. Já por várias vezes referi o oportunismo fiscal que este governo tem tido com os combustíveis.

Acrescem ainda custos com o transporte, armazenamento, distribuição e comercialização, o que inclui a margem de lucro das empresas distribuidoras.

No Acordo de Paris foi estabelecido o objetivo de colocar a União Europeia numa transição energética “no caminho para se tornar a primeira economia e sociedade com impacto neutro no clima até 2050”. Este pacto constituiu um passo fundador para uma abordagem verdadeiramente global ao problema do clima e, Portugal tem acompanhado a sua aplicação.

A guerra é um dos fatores a pressionar o preço final. Começamos logo pelos produtores, incluindo a Rússia, Angola, OPEP que estão a ganhar mais, não há dúvida nenhuma, uma vez que a cotação subiu. Depois as refinadoras estão a ganhar muito dinheiro, porque o petróleo que estão a refinar neste momento foi comprado a um preço muito mais barato do que aquele que é o mercado SPOT (da oferta e da procura diária que faz os preços de que estamos a falar próximo dos 140 dólares por barril).

Com esta guerra e o aumento insuficiente da produção de petróleo pela OPEP aliado à enorme procura do mercado mundial, os preços continuarão em alta.

Como afirmou, em declarações ao The New York Times, o economista Jason Furman, “a Rússia é incrivelmente pouco importante para a economia global, excepto no que diz respeito ao petróleo e ao gás. É basicamente uma grande bomba de gasolina”. Portanto, com a exportação de petróleo da Rússia limitada, é inevitável um agravamento dos preços do petróleo nos mercados internacionais.

Finalizando esta questão, o governo tem a sua culpa com esta subida abrupta dos preços dos combustíveis, e não na sua totalidade como tenho visto nalgumas publicações e comentários, que só refletem ou a sua cegueira partidária ou a falta de conhecimento em causa.

Deixe um comentário