Há umas semanas estiva na Rádio Alto Ave, em representação do PS, para analisar o documento de prestação de contas do município referente a 2020.
Um dos pontos que gerou alguma controvérsia foi a aposta feita pela Câmara nos call centers. Foi defendido pelo PSD e CDS que houve, nos cal centers um grande investimento privado. Eu defendi o contrário, na verdade o maior investimento foi publico. Importa lembrar que a Câmara investiu mais de 1 milhão e 500 mil euros nos dois call centers. Quanto ao privado, não são públicos os números do seu investimento.
É verdade que foram criados postos de trabalho, mas pergunto: que outra entidade privada teve o mesmo apoio que a Altice? A quem foram oferecidas instalações com um investimento de tantos milhões! Houve um tempo que a Câmara pagava até a formação de língua francesa. Ou seja, o privado só tinha de ligar os telefones e trazer os computadores para começar a produzir. A que outra empresa foram oferecidas estas condições?
Esta foi uma aposta no trabalho precário e temporário. Resultados dessa aposta?
Em breve os dois call centers estarão no mesmo edifico (só depois das eleições para não destruir a narrativa da atual Câmara) fazendo com que o edifício da Central de Camionagem fique vazio.
O recrutamento a ser feito neste momento para o call center de língua portuguesa é residual e as vagas que vão sendo abertas são apenas para contratos de 4 horas.
No recrutamento estão a exigir 12° ano e idade até 30 anos, para terem mais flexibilidade das pessoas para as 4h e para as trocas constantes de horários…
Como pode um Vieirense cumprir com os seus encargos com um emprego a meio tempo? Vai ser voluntário para a Câmara no outro meio tempo e ficar dependente dos “Donos de Vieira”?
Mas se esta aposta não teve nenhuma perspetiva de futuro, as obras feitas foram pelo mesmo caminho. O estado de DEGRADAÇÃO da antiga escola primária não é compatível com a propaganda do rigor e da competência. Como pode um edifício remodelado há tão pouco tempo estar no estado que as fotos documentam? Têm andado funcionários da Câmara Municipal a fazer reparações no edifício. Então a Câmara não exige a garantia da obra ao empreiteiro?
Portanto, não houve visão estratégica e de futuro na aposta nos call centers nem rigor e competência nas obras realizadas. Isto são factos.
Mas há mais. Também não houve rigor da Câmara ao isentar de renda todas os seus inquilinos. Ora, que sentido faz isentar a Altice de pagar renda quando essa mesma empresa tem milhões de lucro anualmente? Temos uma Câmara pobre a dar a uma empresa rica! Quando tantas empresas Vieirenses passam por dificuldades, esta isenção é imoral!
Claro que do lado do poder vão já dizer: “o Pedro Pires é contra os call centers”. Tal afirmação é falsa! O que eu entendo é que os call centers não podem ser a única aposta da Câmara e não podem beneficiar dos dinheiros públicos em detrimento dos empresários de Vieira do Minho. Esses que estão cá desde sempre e continuarão cá quando os call centers forem embora! Esses são os que SERVEM Vieira do Minho e não os que SE SERVEM dos Vieirenses…