Vacinação. É a palavra de ordem nos dias que correm. A ela, vem normalmente associada outra palavra: Polémica. De mãos dadas, são normalmente estas duas palavras que abrem as horas noticiosas nas nossas televisões e que fazem a primeira página dos mais diversos jornais. Como é evidente, um processo de vacinação não é fácil de gerir e os problemas acabam por surgir com naturalidade. Não que seja natural que alguém use uma posição de poder para receber a vacina primeiro que outros prioritários, mas se aos dias de hoje, isso ainda surpreende alguém é porque não andam minimamente atentos ao que se passa no nosso país desde há muitos anos.
Não obstante, hoje quero fazer um exercício diferente e deixar a polémica longe desta reflexão. Não que concorde que uns e outros tomem a vacina indevidamente – simplesmente isso já não me espanta e já estou cansado de ler todos os dias a mesma coisa. Prefiro, então, trazer um outro olhar sobre este tema. Hoje, à vacinação prefiro aliar uma outra palavra: esperança. Porque a verdade é que, melhor ou pior, a vacinação está a acontecer e parece que o mundo está a dar passos seguros para controlar o vírus que nos assolou no último ano.
Assim, permitam-me a ousadia de trazer aqui alguns números que, longe de serem os ideais, nos dão algum alento para olhar o futuro. Até ao momento, em Portugal, foram administradas perto de 400 mil doses de vacinas contra a Covid-19, o que representa cerca de 3% da nossa população. Além disso, cerca de 1% dos portugueses já tomou as duas doses da vacina, o que significa que estão protegidos contra o vírus. Não são números extraordinários, mas, para mim pelos menos, são um sinal de esperança. No panorama mundial, Portugal é o 20º país no mundo com maior percentagem da população vacinada, à frente de países como a Bélgica ou a vizinha Espanha. Estaremos assim tão mal?
A União Europeia comprometeu-se a vacinar 70% da população até ao final do verão. Contudo, o ritmo atual da vacinação em Portugal não vai permitir atingir esses valores. Mas calma, não sejamos arautos da desgraça. Lembremo-nos que todo este processo está numa fase preliminar. Em Portugal, estima-se que nas próximas semanas comecem a ser administradas 50 mil doses diárias da vacina contra a Covid-19, um número bem superior às 9 mil doses que estão atualmente a ser administradas diariamente. Sejamos pacientes e aguardemos a nossa vez. Pelo caminho, continuemos a fazer o que nos compete, que é cumprir as normas impostas pelo Governo e pela Direção Geral de Saúde. Não percamos o pensamento positivo nem a esperança em dias melhores. O caminho é complicado e vai exigir muito de cada um de nós mas o regresso à normalidade está mais perto do que aquilo que pensamos.