Sim. Tive COVID. Fui um dos muitos Vieirenses que testou positivo ao novo coronavírus SARS-COV-2. Eu que sempre tive todos os cuidados. Eu que até era gozado por muitos dos meus amigos por ser paranoico com os cuidados a ter. Eu que dois dias antes tinha feito um teste rápido, o denominado teste de antigénio, que tinha dado negativo. Eu que nem sequer faço ideia onde fui apanhar o bicho…
Porque partilho esta informação? Porque é importante repetir até à exaustão que temos de ter todos os cuidados! Não podemos facilitar em momento algum!
Foi uma experiência aterradora. Logo que tive os primeiros sintomas só pensei em isolar-me! Após esse primeiro impacto, e depois de receber o resultado do teste, só uma preocupação ocupava os meus pensamentos: será que as pessoas com quem estive em contacto foram infetadas por mim?
A Anita. O Rodrigo, que tem 10 anos e asma. A Isabel, que tem 5 meses feitos hoje. Os meus pais que têm 67 e 65 anos. Os meus amigos mais próximos. Os colegas de trabalho. Enfim, as pessoas que amo e que, de alguma forma, poderia ter-lhes passado este maldito vírus. E onde raio fui apanhar aquilo?
Conforme os dias foram passando a angústia foi-se adensando. A cada videochamada as mesmas perguntas: “tens sintomas? Viste a temperatura?” A cada mensagem ou telefonema as mesmas contas: “quantos dias já passaram? Quando vais fazer o teste? Estás bem?”
Depois do 10º dia todas as pessoas com quem estive em contacto fizeram o teste. Muito duraram aquelas horas até receber os resultados… E lá fui recebendo as notícias… NEGATIVO. NEGATIVO. NEGATIVO. NEGATIVO. NEGATIVO… E é após saber o resultado que faltava que consegui respirar de alívio.
Nunca, algo negativo me tinha feito tão feliz! Todos aqueles com quem estive em contacto testaram negativo ao COVID 19. Quem me conhece sabe que choro mais facilmente de alegria que de tristeza. E chorei. Chorei como um bebé. Saiu de cima de mim um peso brutal.
Onde raio fui arranjar o raio do bicho? Bem isso agora não interessa nada. O que interessa é que estou de regresso ao trabalho e que todos estão bem. Mas interessa também perceber que todos os cuidados são poucos. Todos os momentos em que relaxamos estamos a pôr em risco quem mais amamos!
É verdade que estar 15 dias fechado num quarto é também um momento de aprendizagem. Aprendi a estar dependente dos outros … Se não me deixam comida à porta, não como. Aprendi a ter mais paciência… Não há nada que possa fazer, tenho de aguentar. Aprendi que afinal tenho tempo para não trabalhar. Aprendi que há tantas pequenas coisas do dia a dia que não valorizamos convenientemente!
Agora que estou novamente livre só me preocupa uma coisa. Proteger os que amo. Tenham todos os cuidados. Comigo, desta vez, correu bem. Mas mesmo tendo todos os cuidados, todos estamos sujeitos.
Sejam felizes! Protejam-se! Vamos todos ter só mais um pouco de paciência para nos podermos abraçar novamente. 2021 vai ser fantástico e está aí à porta! 🙂