Na última sessão da Assembleia Municipal (25/09/2020) fiz uma intervenção sobre a gestão da água em Vieira do Minho. Desde esse dia que ando a tentar arranjar tempo para escrever sobre o assunto, mas por muitos afazeres profissionais não tive oportunidade.
Na minha intervenção apresentei dados OFICIAIS constantes no RASAP (Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal) onde se percebe que Vieira do Minho é um dos municípios mais ineficientes a nível nacional no que concerne à gestão eficiente do recurso água (consultar aqui).
Claro que da boca do Presidente político ouvi que não sabia onde eu tinha ido buscar tais dados. Que não eram verdadeiros. Que não tem nada a aprender comigo. E rematou tudo atacando o anterior executivo do PS.
Como é possível um presidente da Câmara desconhecer o RASAP? Como pode ignorar tais dados?
Mas vamos a números. Segundo o RASAP as perdas de água no município Vieira do Minho atingiram em 2018 os 58,2% (Água Não Faturada). A média nacional fica-se pelos 31%… No gráfico abaixo pode ver-se também que nos últimos três anos a tendência tem sido de subida…
No RASAP nada é dito também sobre o indicador “reabilitação de condutas”. Sabemos que grande parte da rede de água do concelho tem muitos anos e é necessária a sua reabilitação para evitar a sua rotura. O que está a Câmara a fazer sobre isso? Nada. Nem de propósito, passados uns dias houve notícias sobre a falha de abastecimento de água nalguns pontos do concelho…
É deprimente perceber que o município apenas aprovou uma candidatura ao POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), onde tantos municípios aproveitaram os fundos comunitários para melhorar a gestão dos recursos…
O atual executivo pensa o concelho com foco nas eleições… Como a questão da água parece não trazer votos, segue-se a gestão básica do dia a dia sem planeamento e visão de futuro… Arranja-se uma conduta quando ela rebenta em vez de se planear a reabilitação das condutas mais antigas (algumas com mais de 30 anos…).
E esta aposta na água é importante até como facto de apoio ao turismo. Que sentido tem dizer que se investe no turismo e depois haver turistas a reclamar porque a unidade de alojamento local onde se encontram está sem água?
Ouvir um Presidente de Câmara dizer que não sabe onde é que a ERSAR vai buscar os dados apresentados é simplesmente vergonhoso. Um Presidente de Câmara que tem sob a sua alçada a gestão da água e desconhece estes dados está a ser negligente. Ou incompetente? Ou as duas coisas?