As Instituições e as Pessoas

A sociedade vive muito do associativismo, com os inerentes fins que as diferentes Associações  visam atingir, entre eles,  de carácter cultural, recreativo, humanitário, de solidariedade social e desportivo.

Na criação destes organizações releva, desde logo, quem no início se disponibilizou para a criação da Associação, cuja actividade principal é depois prosseguida por outras pessoas que devem honrar  quem os antecedeu, com o altruísmo que caracteriza quem se entrega as estas causas, por regra, a título voluntário.

Quem dá a cara por um qualquer projecto de direcção, numa qualquer Associação, fá-lo-á  de forma livre, espontânea e de agrado, devendo estar preparado para a missão que lhe foi confiada pelos associados, poucos ou muitos! A esse grupo de pessoas da sociedade civil são conferidos poderes para prosseguir os fins estatutários das diferentes Associações e, caso as coisas não corram bem, por manifesta incapacidade de gestão, incompetência ou vaidade desmesurada não correspondida pelos resultados, de nada valerá olhar para trás e colocar as suas responsabilidades em quem antes teve igual missão, para além de uma grande ingratidão, muitas das vezes não é verdade!

Entendo que fica muito mal usar um palco que já não pertence para recuar alguns anos, “malhando”, ainda que ao de leve, em quem não estava presente para se defender, como se a coisa tivesse efeitos retroactivos e alguém, minimamente honesto, consiga dar importância a tal!! Afinal, os mais atentos saberão o que correu mal e, acrescento, quem tem “culpas no cartório” e, reiteradamente, tende a desculpabilizar a situação, sem que tenha deixado de criar constrangimentos para “quem se segue” que, já percebeu, não terá a vida facilitada.

Gosto de gente reconhecidamente grata, que saiba estar e que seja capaz de reconhecer competência aos outros, mesmo que não gostem dos mesmos, ou só gostem aparentemente… Há coisas que abomino, desde logo, a deselegância institucional, pois, sou de opinião que tal postura é própria de gente parola, de matarruanos com dificuldade de aceitação dos diferentes…

Com a minha querida Mãe, falecida há dias, aprendi para a vida o real sentido da palavra VERDADE, assim, compreendo porque razão algumas pessoas têm dificuldade em entender-me, mas nunca me acovardei, sempre assino o que escrevo e não desvio o olhar quando falo com as pessoas!

Aqui chegados, e porque de Associações e Pessoas se trata este artigo, faço aqui e agora o meu público reconhecimento ao Amigo Leonel Lopes, falecido no passado Sábado de forma tão súbita e inesperada, logo ele que nunca tinha pressas, cidadão íntegro que esteve ligado a várias Associações de Vieira do Minho.

Conheço o Leonel, mais velho que eu dois anos, desde quando começou a frequentar a vila de Vieira do Minho, mas, só em 1997, quando fizemos uma Direcção para o Vieira Sport Clube, o passei a conhecer de “mais perto”, por força da natural ligação à vida do Clube.

O Leonel, Vieirense de Coração, que por cá constituiu família e se estabeleceu comercialmente,  foi, quanto a mim, um excelente Presidente do Clube da nossa Terra, a quem se entregou de corpo e alma, com prejuízo pessoal, familiar e profissional. Sou suspeito, mas para mim, que sou testemunha de tudo o que fez pelo Clube, foi o melhor presidente, mesmo quando as coisas não correram bem e tivemos de descer de divisão! Os resultados desportivos não eram o reflexo da sua competência e entrega, por isso, éramos solidários e ficámos todos os dirigentes para devolver ao clube a honra das vitórias!

Foi nesses tempos que surgiu a ambição do prolongamento da zona desportiva do estádio do VSC… com a construção do campo de treinos, o sonho de o tornar desportivamente funcional, resultou num projecto para novos balneários, cujas obras foram iniciadas com muita boa-vontade e entusiasmo de muitos vieirenses amigos do Clube, onde o Leonel era a expressão do contentamento de uma obra que estaria ao serviço do futebol, concretamente, das camadas da formação do Vieira Sport Clube que ali passariam a competir.

As Instituições não devem esquecer quem as serviu, mais ainda, aqueles que se destacaram pelo seu carácter, entrega e competência, como foi o caso do Leonel Lopes no VSC, onde arranjou muitos amigos ligados ao futebol, ele, que tão bem sabia receber no nosso campo os congéneres dos outros clubes, elevando dessa forma o nome do Vieira Sport Clube e de Vieira do Minho.

Infelizmente o Clube não tem património imobiliário, não tem sede social e não tem bar do clube onde os associados possam confraternizar e dar outra dinâmica associativa, mas é preciso considerar que um clube com os pergaminhos do Vieira Sport Clube merece ter um espaço próprio, ainda que cedido por tempo determinado,  com um compartimento com a dignidade devida, onde  exponha o espólio dos títulos e honras, bem assim, a galeria fotográfica dos muitos presidentes do Clube, onde, por direito próprio, o Leonel Lopes deve figurar para todo o sempre.

A última vez que falámos foi pelo telefone, tendo-me aquele dado as condolências pelo falecimento da minha mãe… precisamente uma semana depois, partiu o Leonel, não me deu tempo para lhe agradecer o gesto solidário e amigo, ficará para um dia.

Até sempre, Amigo.

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