Há feriados e feriados

Hoje, dia 10 de Junho, é consagrado no calendário nacional como o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, estendendo-se ainda como o dia de todos os cidadãos nacionais, da língua portuguesa e das Forças Armadas… ou seja, misturaram tudo na mesma data, tipo um cocktail que, no tempo do Estado Novo, ainda o relacionaram com o “dia da raça”.

Francamente, escolher o dia da morte do poeta Luís Vaz de Camões para marcar um feriado tão relevante para o país, parece-me, foi uma decisão infeliz, quando há outras datas historicamente mais relevantes.

Dos feriados nacionais com significado histórico para a Nação, uns mais que outros, também de acordo com as diferentes perspectivas de cada um, para além do 10 de Junho, destacam-se o dia 25 de Abril como o dia a Liberdade, o dia 05 de Outubro respeitante à Implantação da República (curiosamente, corresponde à data do Tratado de Zamora de 1143), e o dia 01 de Dezembro, feriado dedicado à Restauração de Independência que teve lugar em 1640.

Assim, Portugal enquanto Nação soberana tem ignorado, ao longo dos tempos, a data da sua fundação, ou seja, esqueceram-se de registar no calendário a data do nascimento do Reino de Portugal, que foi decretado com a Bula Manifestis do Papa Alexandre II, que veio a reconhecer a independência do Condado Portucalense face ao Reino de Leão, tendo tal acontecimento ocorrido em 23 de Maio de 1179, já lá vão 841 anos. Assim começou Portugal…

O dia 23 de Maio deveria ser Feriado Nacional, de resto, quanto a mim, o mais relevante de todos, mas não, a data passa despercebida para a generalidade da população portuguesa e o Dia de Portugal continua a ser comemorado no dia da morte de Camões!

Também por cá, no nosso burgo, teima-se em manter o Feriado Municipal num dia de feira, barulhento, cheio de barracas que impossibilita dar dignidade às comemorações do dia do Município, enquanto isso, o dia 15 de Novembro, correspondendo à data da atribuição do Foral a Vieira do Minho, por regra, calha a um dia de semana, dia de trabalho normal que, apesar da data ser recordada, podia e devia ter outra amplitude social e cultural.

Assim, ouso sugerir aos membros da Assembleia Municipal de Vieira do Minho para que discutam a possibilidade do Feriado Municipal ser trocado do dia de Segunda-feira de Feira da Ladra para o dia 15 de Novembro, data da atribuição do Foral Manuelino a Vieira do Minho, que teve lugar no ano de 1514, há mais de 500 anos

Cumulativamente, é altura de pensar-se em alterar o nome da praça central da terra!! Nenhuma personalidade, por mais influente que tenha sido no seu tempo para a história local, merecerá ter o seu nome atribuído à principal praça pública de uma qualquer localidade. No caso de Vieira do Minho, a grande praça central deveria designar-se por Praça do Município, Praça da República, Praça do Comércio, Praça da Liberdade… conforme o melhor entendimento dos representantes do povo, podendo ser atribuído o nome das duas ruas laterais da praça a Guilherme de Abreu e Álvaro Magalhães, que já possuem um busto em local de destaque junto edifício da Câmara Municipal.

Bom Feriado.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *