É comummente aceite que a aposta no Turismo é a única saída para as terras do interior, como é o caso de Vieira do Minho, onde a indústria não passa de uma utopia, a agricultura é de subsistência, em que apenas a criação de gado dará algum rendimento, e onde o comércio e serviços é proporcional à pequena densidade populacional.
O Turismo de qualidade, aliado à natureza, à qualidade ambiental e à boa gastronomia, tem procura selectiva, tratando-se de uma boa razão para continuar a investir em Vieira do Minho, quer a nível camarário, quer através da iniciativa privada.
No território do nosso concelho temos, desde logo, duas realidades diferentes: o vale do Cávado, principalmente de Salamonde para jusante, muito devido à proximidade do parque Nacional da Peneda-Gerês, e a bacia hidrográfica do Ave, cujas águas se concentram na barragem do Ermal. A primeira zona tem, ao longo de todo o ano, uma dinâmica considerável a este nível, com disponibilidade de alojamento e muitas casas de segunda habitação, o mesmo não se passando na zona sul, que importa também valorizar, pese embora o eterno esquecimento da melhoria dos acessos rodoviários.
Ainda, não vai há muito tempo, surgiu um ambicioso projecto, isso mesmo, um projecto que não passou do papel para o terreno, da construção de um empreendimento turístico da promotora “Laguna Park”, que anunciava um grande investimento para a zona do Ermal com a construção de vilas e apartamentos, um Hotel e um campo de golfe. Esse projecto está completamente abandonado, teve o mesmo destino que um projecto turístico idealizado para o Monte de Guilhofrei, nos anos 90, que até previa uma pista de neve artificial, ou seja, ambos os projectos foram para o “caixote do lixo”.
Mais recentemente, por altura de campanha eleitoral autárquica, passou a ideia que o amigo Armando Pereira, da Altice, iria fazer um grande investimento imobiliário na sua terra natal – Guilhofrei – com a construção, novamente, de um campo de golfe e de equipamentos de apoio, entre eles, um hotel. Foi uma ideia bem aproveitada em tempo de campanha eleitoral, mas também não passou de uma miragem… francamente, nunca acreditei nessa possibilidade, inclusive, ouvi da boca do senhor Armando Pereira as razões porque não era viável tal investimento, e o presidente da CM também ouviu as mesmas explicações, porque estávamos juntos!
A zona do Ermal é vital para o Turismo no concelho, merece investimento público em infra-estruturas (sei que até ao recinto da Ilha do festival o caminho está pavimentado), mas falta ainda muito, se querem um turismo de qualidade em detrimento do turismo do garrafão dos Domingos de Verão, que apenas deixa lixo no terreno, há que apostar a sério nesta bela zona do concelho, que tem procura e pode ter muita mais, sabendo-se que o “marca” Ermal já é uma referência, mais que Cabreira!
Desconheço a rentabilidade que dará o Parque de Campismo municipal, junto ao estádio do Vieira Sport Clube, muito menos sei a taxa de ocupação ao longo do ano, mas, no meu entender, tinha mais sentido a existência de um bom parque de campismo no Ermal, estou certo que teria outra ocupação, portanto, rentabilidade. Na verdade, o designado Parque de Campismo da Cabreira está atrofiado entre as duas ribeiras ao fundo do parque florestal, sem possibilidade de ampliação, cujo espaço deveria ser devolvido aos vieirenses, como espaço de lazer e desporto, em complemento aos equipamentos já existentes e à área envolvente.
Sem que tenha qualquer interesse imobiliário, equacional um parque de campismo de excelência para próximo da Albufeira do Ermal, com zonas devidamente demarcadas para bungalows, para caravanismo e para tendas, com a possibilidade de separação para campistas em grupo, seria, estou certo disso, uma aposta acertada, potenciando depois outros investimentos e rentabilizando os já existentes.
A fórmula para tal seria fácil, ou através de uma iniciativa privada, através de incentivos autárquicos, ou na sua impossibilidade, a promoção do Município, através da constituição de uma Associação de Turismo para esse fim.
Locais não faltam, felizmente as margens dos rios que afluem ao Ermal ainda são naturais, mas a aposta certa seria, quanto a mim, na zona de Figueiró, melhor localização face distância à vila e às zonas já com equipamentos náuticos.
O primeiro impulso pode revelar-se decisivo se queremos apostar a sério no Turismo, quem sabe se depois de um bom parque de campismo não se seguirá um parque aquático, como o de Amarante na encosta do Tâmega?