Em tempo de isolamento social, para evitar o alastramento do COVID19, obriga-nos a tomar rumos diferentes, como já se diz, a vida não será igual depois de combatida esta praga. A pandemia afecta tudo e todos, a começar pelo Serviço Nacional de Saúde que está a ser colocado à prova e, diga-se, está a responder muito bem, os profissionais de saúde, as empresas e os serviços públicos, no fundo, todos nós.
O Município de Vieira do Minho também teve de encarar com responsabilidade este novo fenómeno, com os inerentes constrangimentos e encargos – é minha opinião que vai fazendo o que pode, se mais pudesse fazer, estou certo disso, faria, tendo já assumido posturas de apoio às famílias, o que se aplaude, sendo que nesta matéria todos devemos apoiar a decisão do Município no sentido de atenuar as dificuldades dos vieirenses em resultado desta nova realidade. Mais, o gabinete municipal de apoio social deverá estar muito atento às pessoas que manifestem dificuldades, ajudando-as, deixando certos gastos e investimentos para melhores oportunidades, devendo ainda estar atento às dificuldades acrescidas das instituições, ajudando-as, não estamos em tempo de peditórios!
Ora, um projecto que entendo que deverá ser adiado, ou mesmo esquecido, é o arruamento pedonal entre a Rua João de Deus e o recinto da feira semanal, recentemente reorganizado, e já o escrevi, com a requalificação do espaço bem idealizada e executada.
Diz-se, mas nunca o confirmei, que o terreno agrícola entre aqueles dois espaços, junto ao edifício da cooperativa agrícola, foi adquirido a pensar ali construir o novo Centro de Saúde, contudo, sem que tenha sido aprovado para esse fim…
Bom, o certo é aquele terreno, com 1.440m2 (a amarelo na imagem junta), foi adquirido pelo Município pelo valor total de 110.000,00 euros a pagar em prestações acordadas pelas partes (reunião de CM de 5Abril2019), nessa altura, já com o fim de ser usado como um novo acesso à feira semanal, aliás, o projecto foi aprovado em reunião de Câmara no dia 30 de Outubro de 2019.
Entretanto, na reunião de Câmara de 04 de Março p.p., há um mês atrás, foi aprovado o concurso público de “abertura de arruamento pedonal de ligação da Rua João de Deus ao campo da feira semanal”, pelo valor de 182.041,48 euros.
É aqui que reside o problema! Justificar-se-á um investimento público desta dimensão para mais um acesso ao campo da feira? São quase 300.000,00 euros para esse fim!!! Muito dinheiro, nos tempos actuais! Se querem mais um acesso à feira, porque não aproveitam a rampa do lado nascente do prédio, em frente à ourivesaria “Freitas da Silva”? Esse espaço está ou esteve à venda e sempre poderia seria possível negociar a utilização pública da rampa, pelo menos meio caminho estava traçado!! Bastariam umas escadas entre a plataforma da antiga fábrica têxtil e o recinto da feira!
Mais optimista e a pensar no dia de amanhã, até poderia ser adquirido esse património – a própria cave do prédio – ficaria com o acesso desde a Rua João de Deus e a partir do recinto da feira/estacionamento!! Isso é que era investimento com retorno!!
Aquela cave, precisamente, onde funcionou uma confecção têxtil, tem um pé-direito bastante generoso, o que permitiria que o espaço fosse utilizado, por exemplo, para venda de produtos da terra em dias de mercado municipal e em dias festivos, ajudando os produtores e a economia local, substituindo a desajustada tenda de lona, bem assim, outros eventos do município ou das instituições em dias de condições atmosféricas adversas, por exemplo, o mercado de artigos usados e do colecionismo. Ainda, ganharia espaço no logradouro com o desmantelamento de uns barracões ali existentes!
Quanto ao terreno entre este prédio e o edifício da cooperativa agrícola, entendo, deveria ser para construção urbana, fechando aquele “buraco” da rua, pois, as duas laterais daqueles edifícios nada tem de dignificante para ali nascer um acesso e jardim público!! Se ali fosse projectado um prédio, com 2 ou 3 pisos acima do solo, portanto, mais baixo que o prédio mais alto do arruamento, que tem 4, não faltariam promotores imobiliários/construtores que pudessem negociar com o Município, que ficaria sempre com o terreno remanescente, voltado para o campo da feira semanal, com aptidão para a construção de armazéns ou garagens para utilização do Município de Vieira do Minho…
Bem visto, com esta visão mais racional, o Município ainda poderia ganhar com o negócio, poupando as finanças públicas municipais, fazendo igualmente um acesso pedonal, ou mais, ao recinto da feira (a vermelho na imagem aérea), negociando um lote de construção (a azul na imagem), ficando ainda com imóveis para outras utilidades!!!
Gastar quase 300 MIL EUROS , ainda que parte seja comparticipada, numa obra que não é urgente nem imprescindível, apenas para mostrar serviço, quando há tantas necessidades no concelho, francamente, para não dizer um palavrão, é uma péssima opção política.
Quem tem dúvidas quanto à razoabilidade do que defendo, aproveitem e olhem com olhos ver para os espaços em causa, quer do lado da Rua João de Deus (antigamente conhecida por “Rua dos Caloteiros”, que a utilizavam para não passar junto aos estabelecimentos do outro lado do quarteirão), quer do lado de baixo, na zona da feira, e constatam a realidade!!