Estamos já no ano da graça de 2020…
No passado dia 31 de Dezembro completaram-se cinco anos desde que foi desocupado definitivamente, e entregue, o antigo quartel dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho, conforme previa a escritura pública de justificação, permuta e hipoteca lavrada no Cartório Notarial de Vieira do Minho em 22 de Julho de 2014.
Presentemente, aquele edifício devoluto está num estado lastimável que nos deveria envergonhar a todos, implantado num dos locais nobres da vila, é a face de um desleixo total, desonrando a própria instituição Bombeiros Voluntários que, durante mais de duas décadas, ali tiveram a sua sede social e espaço operacional, uma imagem degradante que, infelizmente, está à vista de todos. Um dia destes passei junto ao velho quartel e não resisti tirar umas fotos com o telemóvel, não entrei, bastou-se pisar a soleira da porta para ficar com uma ideia real do seu interior, simplesmente humilhante, o espaço merece mais respeito! Qualquer pessoa poderá confirmar o que testemunhei, terá vários acessos possíveis, ora a sul, pela cave, utilizando o portão metálico do pavilhão, ora ao nível do solo, através da porta lateral ou pelos portões do parque de viaturas… até podem entrar directamente com o carro pelo quartel velho adentro!
A ideia da construção de um quartel novo foi encarada ainda antes de 2010, depois de vários estudos, avanços e recuos, concluiu-se que poderia ser possível concretizar o sonho de um novo Quartel para os Bombeiros. Assim, surgiu a ideia da sua idealização para o terreno junto à EN 304, em Loureiro, freguesia de Eira Vedra, à entrada poente da vila, local onde, efectivamente, veio a ser construído o novo equipamento para os Bombeiros Voluntários, correspondendo ao espaço para onde estava projectado um supermercado da marca “Intermarché”, contudo, com a construção a ser inviabilizada pelas entidades oficiais, atento à tipologia do terreno em causa, pois, tratava-se de um terreno de aptidão agrícola, situado em zona de protecção.
Desbloqueada a situação, com vista à construção de um equipamento de utilidade pública, como é o caso de um quartel de Bombeiros, em 05 de Setembro de 2011, foi celebrado um contrato promessa de compra e venda, para a aquisição daquele terreno (artigo rústico) pelo valor de 270.000,00 euros, sendo intervenientes a sociedade comercial proprietária do terreno, os Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho e a Câmara Municipal de Vieira do Minho, através dos seus legais representantes.
Com a mudança da edilidade municipal de Vieira do Minho, a construção do Quartel foi encarada como uma bandeira do candidato da aliança política PSD/CDS, havendo o compromisso político do Ministro da tutela, que eu próprio testemunhei, de envidar as influências políticas por forma a garantir o financiamento da construção do novo quartel dos Bombeiros, através de verbas comunitárias do QREN, financiamento este correspondente a 85% do total da obra, orçada em cerca de 1.000.000,00 euros, sendo certo que o projecto do Quartel já estava concluído e aprovado pelas entidades competentes, restando apenas realizar diligências de ordem burocrática, no fundo, o que tinha faltado anteriormente foi o “empurrão” político, uma vez que o quartel velho tinha sido construído há menos de 25 anos e, face à legislação, havia constrangimentos que teriam de ser ultrapassados politicamente por forma a serem contemplados os Bombeiros de Vieira do Minho com um novo financiamento público para construção de um Quartel de raiz.
Na sequência dos episódios em final de campanha eleitoral para os órgãos autárquicos, em finais de Setembro de 2013, que não importará agora analisar, no último dia de campanha, numa Sexta-feira à noite, dia 27, na Vila de Rossas, o cidadão Albino Carneiro, padre e ex-presidente do Município de Vieira do Minho, subiu ao palanque do comício político de encerramento da campanha de candidatura de António Cardoso a presidente da Câmara Municipal de Vieira do Minho, e usou da palavra, em circunstâncias que não presenciei, dando conta, em primeira mão, que seria o candidato a presidente da Direcção dos Bombeiros de Vieira do Minho, convidando os presentes a tornarem-se sócios dos Bombeiros, e aqueles que já tivessem essa qualidade, a pagar as quotas da Associação Humanitária – confirmei que foi uma correria à secretaria dos Bombeiros na Segunda-feira seguinte, o que terá sido bom para a tesouraria dos Bombeiros.
A lista apoiada pela coligação política PSD/CDS ganhou as eleições autárquicas, seguindo-se, passado pouco tempo, o processo eleitoral para os órgãos sociais dos Bombeiros, apenas tendo concorrido a lista liderada por Albino Carneiro, pelo que a sua eleição estava, logo à partida, garantida, uma vez que os dirigentes em exercício não manifestaram vontade de concorrer contra aquela lista que estava composta por vieirenses livres mas conotados politicamente, na sua generalidade, com os partidos que haviam suportados a candidatura de António Cardoso à Câmara Municipal de Vieira do Minho.
Analisada agora à distância, e como dizia um professor de faculdade, são precisos pelo menos 50 anos para que os factos sejam vistos de forma desapaixonada e com a devida imparcialidade, já posso afirmar que se tratou de uma campanha eleitoral para os Bombeiros de Vieira do Minho sem precedentes, perdoem-me a franqueza e a expressão, um autêntico “assalto ao poder” da instituição Bombeiros, com direito a staff à altura, com imagem e marketing de entrar pelos olhos adentro dos Vieirenses… Teve como mote “Servir Vieira”, apresentando 13 propostas que foram tornadas públicas, através da página oficial da campanha na rede social facebook, que decorreu, salvo erro, entre os dias 29 de Outubro e 14 de Novembro de 2013, a saber:
– Dignificar o trabalho dos nossos Bombeiros, fazendo que sejam respeitados e reconhecidos na sua actuação diária;
– Valorizar a disponibilidade de todos aqueles e aquelas que de forma voluntária, dão o seu contributo a esta Associação, de forma desinteressada e com espírito solidário, tendo como único objectivo o bem daqueles que servem;
– Criar dinâmicas e condições materiais para que os Bombeiros usufruam de condições e meios para o desempenho das actividades que desenvolvem;
– Melhorar as condições de trabalho do Corpo Activo dos Bombeiros e de habitualidade do Quartel, dando início a conversações com a Autarquia sobre o empenho da mesma na construção de um novo quartel – os nossos bombeiros merecem instalações dignas!;
– Incentivar a participação da sociedade civil na vida dos Bombeiros – comunicar com a mesma sociedade civil sobre a importância da actividade dos bombeiros;
– Incentivar e promover a formação profissional e contínua dos bombeiros de acordo com as suas necessidades, num diálogo permanente com o Comando do Corpo Activo;
– Formar jovens bombeiros para que o futuro não fique comprometido;
– Actualizar o ficheiro de associados e promover acções com vista à adesão de novos sócios;
– Desenvolver contactos para a criação de um espaço museológico garantindo, desta forma, que o futuro se reveja no seu passado, sendo o espólio museológico enriquecido;
– Apoiar as iniciativas promovidas pelo Corpo Activo;
– Garantir a boa sustentabilidade económica e financeira da Associação;
– Melhorar os meios de comunicação e socorro;
– Garantir a manutenção e melhoria da frota existente de transporte de doentes e de combate aos incêndios florestais.
Estas 13 medidas não as vou agora rebater, porque já o fiz publicamente aquando da sessão solene das comemorações 77º aniversário dos Bombeiros de Vieira do Minho, que teve lugar em Fevereiro de 2017, antes de ter cessado, a meu pedido, as funções de comandante do CB, mas tive o cuidado de as copiar para as recordar a todos quantos vierem a ler estas linhas.
Depois de eleitos os novos membros dos órgãos sociais da AH, até à sua tomada de posse, que ocorreu em 03 de Janeiro de 2014, a Direcção dos Bombeiros liderada por Fernando Dalot, mesmo em fim de mandato, com elevação e sentido de responsabilidade, tudo fez para que o quartel fosse uma realidade, eu sou testemunha desse empenho e capacidade de trabalho que durou até ao último dia de actividade.
Na cerimónia de tomada de posse dos eleitos para os diferentes Órgãos Sociais da AHBVVM, onde estive presente, se já tinha a clara percepção que a “política tinha entrado, mais uma vez, nos Bombeiros”, nesse dia a clareza foi por demais evidente, tendo em conta o ambiente da sala do evento e a presença das diferentes individualidades.
Na qualidade de comandante do Corpo de Bombeiros, pese embora não tenha tido qualquer tipo de envolvimento nessa candidatura, sendo sócio da AH, nem sequer me dei ao trabalho de ir votar, estive presente nessa tomada de posse, apresentei-me devidamente fardado e munido com uma carta onde coloquei o meu lugar de comandante à disposição da nova direcção, a experiência de vida fez-me antecipar as coisas, não fossem depois dizer que não tinha sido uma escolha daquela nova direcção, assim, mantendo-me no cargo, sempre teria uma legitimidade reforçada, tendo recebido a resposta por escrito após a primeira reunião daquele órgão.
Finda a cerimónia de tomada de posse, a generalidade dos convidados foram em notória euforia para o jantar de confraternização para um restaurante da vila, tendo eu acompanhado o presidente cessante até ao seu carro, para seguirmos depois para as nossas casas para jantarmos com as respectivas famílias. Realço aqui que o meu Amigo Fernando Dalot foi portador de uma postura de reconhecida elevação e urbanidade, características que aliadas as outras, como a competência, conhecimento, inteligência, ponderação e responsabilidade, me permitem reconhecê-lo, a par como saudoso Bernardino Cruz, como o melhor Presidente da história dos Bombeiros de Vieira do Minho, Associação que este ano completa 80 anos! É minha opinião, e tenho direito a ela, que o conhecido ditado popular “bom de mim fará quem depois de mim virá”, aplica-se que nem uma luva ao caso concreto!
Com a nova Direcção dos Bombeiros legitimada, seguiram-se os naturais contactos com vista a acelerar o processo tendente ao arranque das obras, importando, desde logo, assegurar o financiamento através de candidatura aos fundos comunitários, tendo sido relevante o empenho pessoal do Ministro da Administração Interna de então, Miguel Macedo, em todo este processo.
Todos estamos certos que quem assumiu a liderança deste processo foi o presidente do Município, António Cardoso, tendo ficado sem efeito o contrato promessa de compra e venda conforme tinha sido acordado anteriormente, era presidente do Município, Jorge Dantas.
Pese embora as especulações que se iam ouvindo, ao certo, não se sabia como andavam a correr a negociações com o terreno para o qual já havia projecto para edificar o novo Quartel dos Bombeiros, sendo que o comando e os bombeiros eram completamente colocados à margem de um assunto que lhes dizia directamente respeito… Se calhar, digo eu, nem alguns directores estavam ao corrente das coisas!
Aproveitando as comemorações dos 74 anos dos Bombeiros, em 16 de Fevereiro de 2014, em plena sessão solene comemorativa, quando usei da palavra, ousei interpelar o presidente do Município sobre o andamento do processo de aquisição do terreno de Loureiro… ainda recordo as expressões faciais que fez, bem notórias do seu mal-estar pela questão colocada! Na sua intervenção, o edil veio a responder publicamente à questão, nada dizendo de concreto, que as negociações estavam “bem encaminhadas” escudando-se dizendo que “o segredo é a alma do negócio”… já no fim da cerimónia, particularmente, lá me demonstrou ter ficado desagradado com a minha questão, presumo que, nessa altura, ainda não me conhecia bem, hoje, nas mesmas circunstâncias, julgo que não o faria!!
Após as negociações tidas como “secretas” pelo presidente do Município de Vieira do Minho, veio a ser formalizado no Cartório Notarial de Vieira do Minho a escritura pública de Justificação, Permuta e Hipoteca, entre as partes envolvidas no negócio, que por ser pública o documento chegou ao conhecimento do signatário.
Lido e relido o contrato assinado, atento ao seu conteúdo e, mais ainda, à displicência de alguns pontos da escritura lesivos para os interesses dos Bombeiros, que importava acautelar, sempre disse tratar-se de um “negócio manhoso”, atento não conter garantias para os Bombeiros, como de resto se veio a verificar e ainda se constata.
Essa foi a minha batalha, não fui convidado a estar presente na escritura, uma desconsideração que não levei a mal, mas poderia ter ajudado a lavrar um texto que fosse ao encontro dos reais interesses dos Bombeiros. Como não havia registo do terreno original do quartel velho, houve necessidade de um registo tardio, justificando o direito de propriedade por usocapião, contudo, alegando uma doação do terreno à Camara Municipal de Vieira do Minho por parte do anterior proprietário, da família Almeida de Vieira do Minho. Doação de terreno??? Logo aqui tive as minhas dúvidas, não me parecia que alguém desse o quer que fosse à Câmara Municipal de Vieira do Minho… Se queriam alegar a doação para justificara a posse, porque não fizeram o registo directamente para o nome dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho, ficando o Município de fora deste processo? Não fará falta responder a esta questão, pois não?
Não tenho dados concretos para poder afirmar que o terreno do quartel velho foi doado por Agostinho Almeida ao Município de Vieira do Minho, para a construção do Quartel, mas, posso sempre recorrer a uma sentença de uma accão civil interposta pela família Almeida, precisamente, contra os Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho, datada de 23 de Novembro de 2001, por ocupação indevida de uma área de terreno de 445 metros quadrados em forma de triangulo, que teve de ser devolvida àquela família – esse espaço ainda hoje está diferenciado no terreno do quartel velho, mesmo depois de ter sido demolido o muro, conforme decisão judicial nesse sentido. Ora, neste documento, de que possuo cópia, em momento algum diz que a família doou terreno para a construção do quartel, antes sim, descreve vendas ao Município em datas diferentes. Sobre esta matéria, quem estiver interessado sempre poderá consultar os documentos em arquivo no Município, entre eles, as actas das reuniões camarárias, ou melhor, consultar quem politicamente tinha responsabilidade autárquicas nos anos noventa, sendo presidente do Município Manuel Travessa de Matos.
No negócio de permuta dos dois terrenos nunca me manifestei contra os valores acordados pelos dois artigos – o urbano, correspondente ao Quartel velho, avaliado em 500.000,00 euros, e o rústico de Loureiro, que a não ser para um quartel de Bombeiros nos tempos mais próximos, apenas serviria para “batatas”, avaliado em 250.000,00 euros, portanto, metade.
Assim, visto de repente, parece ter sido um bom negócio para os Bombeiros: para além do terreno para construir o novo Quartel, arredavam 250.000,00 euros que seriam úteis para pagar o remanescentes do valor da empreitada (cerca de 150.000,00 euros) e para outras despesas que viessem a ocorrer com obras a mais e/ou equipamentos/mobiliários, contudo, faltaram naquele documento verdadeiras cláusulas de proteção dos interesses da Associação Humanitária, pois, as garantias apenas estavam do lado da sociedade comercial “Rogério Mendes Gomes, Ldª”, daí ter apelidado de um negócio “manhoso”, pois não houve ninguém atento e com astúcia bastante para mandar acrescentar garantias para os Bombeiros, por forma a garantir que aquela sociedade tivesse uma data limite curta para procederem ao pagamento do valor em causa – a este respeito, e decorrido todo este tempo, a razão está do meu lado, por isso, era uma voz incómoda que perturbava o bom andamento das coisas!
Por exemplo, recordando as cláusulas daquela escritura pública, resulta claro que o antigo quartel dos Bombeiros de Vieira do Minho (justificado como artigo urbano 876), teria de ser entregue ao representante da sociedade comercial “Rogério Mendes Gomes, Ldª, até 31 de Dezembro de 2015, sob pena de pagamento, por parte dos Bombeiros Voluntários de Vieira do Minho, da quantia de 100,00€ diários, a título de cláusula penal, por cada dia de mora e, após os dois meses até completar os quatro meses, o valor diário aumentaria para 200,00€! Aconteceu, muito pelo empenho pessoal dos Bombeiros Voluntários, todo o espólio dos Bombeiros foi retirado e transportado para o Quartel novo, pela que na data prevista o Quartel velho estava em condições de ser entregue, apenas restavam alguns materiais inúteis, considerados lixos, pelo que os Bombeiros, nesta situação concreta, não foram penalizados. Como afirmei acima, houve quem se disponibilizasse, mesmo no último dia do ano, a ajudar a retirar tudo quanto importava levar para as novas instalações, ficando as velhas em condições de ser entregues, apenas podendo ter ficado algum assunto burocrático por tratar, da alçada da direcção.
Percebe-se perfeitamente que aquela SC teve advogados à altura a defender os interesses da mesma, pois a intenção primeira era ali instalar um supermercado com imagem “Intermaché”, com exigência de garantias e privilégios, nomeadamente, relacionadas com taxas e licenciamentos, impossibilidade legais de abrir o estabelecimento, etc, quanto aos Bombeiros, nada.
A Direcção dos Bombeiros, na data e acto da escritura, recebeu a quantia de 37.444,52 euros, ficando de receber os restantes 212.555,48 euros, “no prazo de 30 dias , após a emissão das licenças necessárias à construção, em parte do prédio urbano, do estabelecimento de supermercado com a insígnia Intermarché”. Acontece que a sociedade comercial “Rogério Mendes Gomes, Ldª”, desistiu da instalação de um supermercado e, nessas circunstâncias, não requereu as licenças devidas, subsequentemente, não pagou aquele valor de que os Bombeiros são credores e que tanta falta tem feito, ao longo dos tempos, para desafogar a tesouraria dos Bombeiros.
O velho Quartel, e o respetivo rossio, para além de uma parcela de terreno pertencente a um promotor imobiliário (o tal triângulo acima referido), está nas condições que todos sabemos, o dinheiro não entrou nos cofres dos Bombeiros, levando a Direcção da AHBVVM a contrair um empréstimo na banca para honrar compromissos com a construção do Quartel, um assunto que tem sido empurrado para a frente com a barriga e que ninguém quer falar nele! Decorrido todo o tempo desde a escritura referida, não se vê uma luz ao fundo do túnel, apesar de haver notícia de alguém estar interessado em comprar o imóvel, para ser libertado o dinheiro para os Bombeiros, mas a verdade é que a “negociata” prejudicou objectivamente os Bombeiros que andam há anos a pagar juros, centenas de euros mensais, do empréstimo contraído, quando poderiam ter outra saúde financeira, caso tivessem sido acauteladas as coisas! Comigo, garanto, não passava aquele contrato que, como se constata, está a ser ruinoso para os Bombeiros de Vieira do Minho, só não vendo quem não quer!
Todos sabemos que há constrangimentos financeiros, pelos vistos, houve uma grande dificuldade em honrar a tempo e horas os ordenados dos Bombeiros profissionais, com atraso no pagamento do subsídio de Natal, ao ponto de algum Bombeiro, certamente por brincadeira mas também para dar conta da situação, ter retirado o Menino Jesus do presépio do Quartel, colocando um anúncio que a imagem só regressaria ao presépio quando a direcção pagasse aquele subsídio aos Bombeiros.
Pelo que se vai ouvindo na via pública, a actual direcção não se pretende recandidatar, pelo que já houve dois processos eleitorais e, tudo quanto me foi dado a conhecer, não apareceu nenhuma lista em condições para se apresentar a sufrágio.
Em finais de 2016 também houve rumores que a direcção não se iria recandidatar, eu próprio ouvi essa vontade, pelo que um cidadão vieirense, Filipe de Oliveira, veio a encetar contactos no sentido de apresentar uma lista aos Bombeiros, na firme convicção que a direcção não tinha vontade de assumir um novo mandato, contudo, quando foi informado que, afinal, haveria recandidatura, desistiu dessa corrida, não pretendendo fazer uma lista concorrente à lista liderada por Albino Carneiro.
Conforme JV da edição de 15 de Janeiro de 2017, em 02 de Janeiro teve lugar a cerimónia de tomada de posse dos novos elementos eleitos para os órgão sociais da Associação de Bombeiros, presidida pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral da altura, Manuel Pinto da Costa, que terminou assim a sua ligação aos órgãos sociais dos Bombeiros por manifesta indisponibilidade… mas não terá sido por falta de tempo, digo eu!
Não estive presente, nem tinha de estar, não fui convidado nem seria essa a vontade dos presentes, só lá estava quem tinha de estar! O presidente de direcção empossado para novo mandato, na sua intervenção, justificou a recandidatura da seguinte forma, passo a citar:
“Houve razões para nos recandidatarmos:
Primeiro: porque o quartel ainda não está acabado;
Segundo: Porque temos dívidas a cumprir;
E terceiro: porque o nosso comandante tentou uma candidatura não a conseguiu, nós esperamos até à última hora e a candidatura não apareceu e nós avançamos com a nossa recandidatura. Ele não está cá, mas eu atrevo-me a falar nele porque quem promove ou tenta promover uma candidatura à Associação devia dar a cara por essa Associação e estar aqui presente.”…
Bom, as duas primeiras razões compreendem-se, nem sei se presentemente ainda se mantêm, quanto à terceira, parece-me que foi um abuso, uma falta de consideração, pois, tratou-se de uma mentira redonda… Nas condições em que eu estava ligado aos Bombeiros, enquanto comandante do CB, nunca promoveria qualquer candidatura aos órgãos sociais, por outro lado, o suposto candidato nem era pessoa, à data que me fosse próximo, hoje, felizmente, somos amigos. Àquele fiz precisamente o que havia feito ao candidato Albino Carneiro quando manifestou vontade de candidatar-se aos Bombeiros: remeti por e-mail o regulamento interno e os Estatutos da Associação Humanitária, onde previa o processo eleitoral, entretanto melhorado… Uma postura que não gostei e da qual ninguém se penitenciou por esse erro grosseiro.
Para evitar especulações, tenho a dizer que não sou candidato a nada nos Bombeiros, nem nunca tal me passou pela cabeça, já afirmei que nas condições actuais é mais provável acertar nos números do euromilhões, uma vez que jogo semanalmente e a busílis do jogo é precisamente ganhar e, se tal acontecer, os Bombeiros da minha terra também serão contemplados!
Poderá estar difícil encontrar presentemente uma solução directiva para os bombeiros, mas se as coisas não estão bem, as responsabilidades são de quem geriu a casa e da própria política de conivência que gravita à volta. Perdoem-me a franqueza, mas nunca apreciei a ligação dos Bombeiros ao poder político local e isso é mais que evidente, só para dar dois exemplos, recordo que 19 de Fevereiro de 2018 foi publicado no facebook oficial do Município uma foto de uma viatura de combate de incêndios urbanos, tratando-se de um negócio de retoma de viaturas velhas, mas que veio a ser entendida como paga pelo Município de Vieira do Minho, pareceu-me, francamente, um favor político para a edilidade ficar bem… O dinheiro, de cerca 20.000,00 euros aprovados na Assembleia Municipal, numa iniciativa do membro Filipe de Oliveira, destinava-se a suportar as despesas de reposição de um VTTU, vulgo auto-tanque, que tinha sido destruído num acidente em Soengas, quando se dirigia para um incêndio em Parada de Bouro No dia do aniversário dos Bombeiros de 2018 veio o presidente da Câmara directamente de Lisboa, onde havia estado num Congresso do PSD, para ao fim da festa, tirar uma foto junto à viatura. A todo pode ser vista em:
Já agora, pergunta-se, este VUCI já tem o equipamento de lei para actuar como veículo urbano de combate de incêndios, ou só transporta água??
Mais recentemente, foi adquirida uma ambulância de socorro comparticipada pelo Município, dizem, em 50%, enquanto o restante foi suportado pelo vieirense Armando Pereira. Para já, é uma solução tardia, há alguns anos o comando dos Bombeiros de Vieira do Minho encetou diligências junto daquele empresário que garantiu, numa primeira abordagem, a contribuição de 30.000,00 euros para uma ambulância cujo orçamento que lhe foi remetido por e-mail ascendia a cerca de 60.000,00 euros… Depois, ainda foi reconsiderada a adição de mais 10.000,00 euros, ficando apenas por garantir 20.000,00 euros da responsabilidade dos Bombeiros. Na altura, esta manifestação generosa não foi aproveitada, nunca percebi bem da razão, mas talvez por ter sido o comando a tratar do assunto, só pode! Na altura não aproveitaram, mas agora já receberam de mãos abertas! Fizeram bem.
Esta ambulância chegou ao Quartel de Vieira em Outubro passado. Em 29 de Outubro foi postada, mais uma vez, na página oficial do Município, uma fotografia com esta ambulância de socorro, facto que pode ser confirmado em:
Sobre esta ambulância nova, que é muito útil e necessária – eu próprio reivindicava um reforço de ambulâncias de socorro desde, pelo menos, o ano de 2010 – pergunto: Porque razão não presta já serviço à comunidade. Qual a verdadeira razão porque está parada no parque de viaturas? Não me venham dizer que a estão a poupar, porque não será essa a razão!
Meus caros, esta colagem do Município de Vieira do Minho às instituições, nomeadamente, aos Bombeiros Voluntários, não é saudável, e a estas fotos chama-se Propaganda Política, aproveitamento político das instituições, situação que sempre tentei limitar, sempre fui contra e tentei combater estas conivências, não só com os executivos PSD/CDS, mas também com o executivo PS… mas agora parece-me evidente de mais! Reparem, o Município no facebook dá notícia dos factos que dizem respeito aos Bombeiros, os mesmos acontecimentos que os Bombeiros não tornam públicos na sua página do facebook, onde quase só aparece a notícia de quem faz anos, lembrança que a rede social já se encarrega de fazer… De facto, nesta matéria de comunicação, os Bombeiros de Vieira do Minho já estiveram muito melhor!
Para finalizar este texto, já de si longo, que muitos não terão pachorra para ler, mas que por algumas pessoas interessadas nos Bombeiros, será lido, já justificando o tempo que, ao correr da pena, demorei a escrever, tenho a dizer aos senhores directores dos Bombeiros que se as coisas não estão bem, a responsabilidade é dos próprios, pois foram os mesmos que geriram aquela casa durante os últimos 6 anos. Certa vez alguém me disse, do alto da sua “sabedoria saloia”, a propósito da direcção presidida por Albino Carneiro que passou a ser responsável pelo processo da construção do Quartel, relativamente à antiga direcção, que “agora os protagonistas são outros”, e eu agora respondo “quem comeu a carne que coma os ossos”. Sempre o afirmei que o negócio da permuta dos imóveis foi lesivo para os superiores interesses dos Bombeiros, que não foram acautelados, estando a prova disso à vista de toda agente, por isso, se explica que ninguém se chegue à frente com uma lista… Nas actuais condições, nem a um inimigo recomendaria que concorresse à direcção dos Bombeiros de Vieira do Minho!!
Caro Albino Carneiro, assuma as suas responsabilidades, “arrume a casa” e só depois deixe os Bombeiros para outros. Não gosto quem, na prática, se retire como se nada tivesse a ver com as coisas, do jeito, “quem vier atrás que fecha a porta”… Tenha muita paciência, mas deve manter-se no cargo até que as coisas estejam regularizadas, por outras palavras, deixou andar o barco à deriva, ou com navegação à vista, agora aguente-se!!
Bom ano e votos sinceros que os Bombeiros regressem rapidamente à estabilidade desejada a todos os níveis.