TEMAS QUE AQUECEM OS DIAS MAIS FRIOS…

A geada chegou em força. Pinceladas de branco predominam nos
campos, e quem agradece são as couves. A geada torna-as mais tenras e dá-
lhes sabor. Estou certo, Alice Pereira?

Está o caminho aberto para as nossas Couves com Feijões. Qual queijo
com marmelada, qual quê! A melhor combinação é couve-galega com feijão
amarelo. As carnes de suíno são a cereja no topo do bolo, ou melhor, do
cozido. A energia dispara. Cozinhado, ou não, num pote de ferro, é sempre um
prato de excelência, que resiste no tempo e vence a gastronomia molecular!

Já os cogumelos silvestres começam a escassear, nas áreas que
exploro e, assim, resta-me ir ao congelador e desviar a pescada que está na
terceira prateleira. Estou certo que, sob a pescada, e aconchegado por um
frango criado no campo da minha sogra, encontrarei os boletos que colhi, no
dia 6 de Novembro. Ou seja, estou quase como os esquilos e as bolotas.

Movo o holofote! Nos últimos dias, somos informados que ofereceram
um burro a Greta Thunberg, para fazer a viagem de Lisboa a Madrid. É uma
ideia original e amiga do ambiente.

Não sei quantos dias são precisos, para completar a viagem, e pouco
importa se opta por ir de burro de Lisboa a Badajoz, se, depois, vai de camelo
de Badajoz a Madrid, terminando os últimos 100 metros ao pé-coxinho. O que
sei é que é uma menina que diz, a alguns dos homens mais poderosos do
mundo, o que poucos tiveram coragem de dizer (e tantos já tiveram essa
oportunidade…).

Entrar numa espiral de comparar a acção de Greta com a de outros
jovens activistas pelo clima, é seguir o mesmo caminho que as ovelhas,
quando vão para mato.

Agora, sento-me no sofá, relembro o meu passado e anoto num bloco:
nunca tive ligações à maçonaria. Fiz este registo, após o debate entre os três
candidatos à liderança do PSD, onde o vencedor foi António Costa, e onde se
falou mais da maçonaria do que do futuro do país.

A propósito destas supostas ligações à dita Ordem, gostava que Olga
Tokarczuk visitasse Vieira do Minho, depois da ida a Estocolmo, para a
cerimónia de entrega dos Prémios Nobel. Sentava-se à mesa e, antes da
chegada da refeição principal (oportunidade para uma polaca avaliar as nossas
Couves com Feijões), pedia-lhe que dissesse, em voz alta, uma pequena frase
que a sua narradora fez referência, no livro “Conduz o Teu Arado sobre os
Ossos dos Mortos”, e que se torna oportuna: “Gestos de domínio, insígnias de
poder”.

Já agora, o mais perto que estive de pertencer ao trabalho maçónico, foi
quando me tornei adulto. Passei a reunir, constantemente, à volta da mesa,
com amigos, num espaço subterrâneo de 50 metros quadrados, de difícil
acesso, razoavelmente iluminado, escassamente ventilado e sem rede
móvel…!


Fotografia: Projecto Fotográfico CAVA.

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