PONTE DE PARADA

Classificada como Monumento de Interesse Público, desde 01 de Junho de 2016, a Ponte do Bôco, em Parada de Bouro, e por isso, também conhecida por Ponte de Parada, tem a particularidade de ser a mais antiga do país construída em betão armado, com mais de um século – conhece-se uma fotografia datada de 1910 – unindo os territórios das freguesias de Parada de Bouro e Bouro de Santa Maria, esta, do concelho vizinho de Amares.

Não sei quem patrocinou a construção desta ponte, sendo certo que a barragem de Caniçada, que lhe fica a montante, tal como a barragem de Salamonde, construídas para a produção hidroeléctrica, são mais recentes, dos anos 50 do século passado, pelo que esta ponte não terá sido uma qualquer contrapartida, mas, uma construção pública com o único propósito de ligar as duas margens do Rio Cávado, servindo as populações.

Com um comprimento total de 33 metros, mas uma largura que apenas permitiu a passagem de um veículo, lá cumpriu o seu papel durante muitos anos, até que a certa altura foi condicionada, permitindo apenas a passagem a veículos ligeiros, ficando completamente encerrada ao trânsito desde Janeiro passado, face ao estado de degradação da mesma, tendo sido feitos estudos técnicos que apontaram para a construção de uma nova ponte.

Não conheço as conclusões dos técnicos da Universidade do Minho, mas também sou de opinião que não se justifica o investimento na recuperação desta infra-estrutura, quando o custo é alto e a estrutura apresenta problemas estruturais sérios.

Pelo que fui percebendo, estando afastada a possibilidade de financiamento da tutela – Ministério das Infraestruturas e da Habitação – terão que ser os Municípios de Vieira do Minho e de Amares a suportar os encargos, entenda-se, aquisição de terrenos, construção de acessos, projecto e execução da obra.

A opção, tudo quanto foi dado a conhecer, será a construção da nova ponte uns metros acima da existente, ainda unindo os dois concelhos de Vieira do Minho e Amares, quando, poderia ser feita mais a montante para ter a solidariedade contributiva do Município de Terras de Bouro, que, objectivamente, também será servido pela ponte, uma vez que o paredão da barragem não permite o atravessamento de veículos pesados entre Parada de Bouro e o Lugar de Paradela.

A distância da ponte do Bôco ao limite dos concelhos de Amares e Terras de Bouro é de apenas  242 metros, sendo de opinião que a ponte tinha muita mais utilidade se fosse feita mais próxima da localidade de Paradela, da freguesia de Valdosende, local onde existem serviços da EDP, havendo muito mais argumentos para pedir financiamento à EDP Produção… Lembram-se da Ponte dos Lagos, que liga as freguesias de Ruivães (Vieira do Minho) e Cabril (Montalegre), inaugurada em 2005? Pois, foi totalmente construída a expensas da EDP, num bom entendimento entre os dois Municípios e aquela empresa, que ainda assegurou a construção de uma nova estrada a partir da EN 103 no Lugar do Arco.

A afirmação turística de Vieira do Minho terá de ser assumida ligada ao Vale do Cávado, como já escrevi um dia destes, zona do concelho que tem procura turística e está intimamente associada ao nome “Gerês”, e não podemos ter complexos disso! A ponte servirá, precisamente, como uma ligação privilegiada entre as duas margens do Rio Cávado, nas fraldas do único Parque Nacional em território português, mais ainda, quando é vontade do Município, e bem, construir um parque para autocaravanas nos terrenos que foram usados como estaleiros ou escombreira das obras recentes no canal de cheias da barragem de Caniçada.

Uma ponte a montante da actual, e mais próxima do paredão da barragem, só trará vantagens: “aproxima” Parada de Bouro da freguesia de Valdosende, bem assim, do Parque Nacional da Peneda Gerês, por outro lado, mantêm a distância a percorrer para Santa Maria de Bouro.

Bem sei que as negociações já estão em cima da mesa, vinculando apenas os Municípios de Vieira do Minho e de Amares… Percebe-se, pois, se na margem direita do Rio Cávado o tabuleiro da ponte nova assentar em terrenos da área administrativa de Amares, o Município de Terras de Bouro, mesmo que beneficie com a construção da ponte, sacudirá a água do capote, escudando-se dizer que nada têm a ver com essa obra. Por outro lado, se a ponte assentar em terrenos de Terras de Bouro, com certeza, o Município de Amares recuará na comparticipação… mas, se a EDP comparticipasse a obra por completo, como devia, sendo uma situação tida como óptima, ficavam apenas os acessos à Ponte Nova de Parada a encargo dos correspondentes Municípios… Seria um excelente entendimento, digo eu!

Por uma questão de justiça, e se a EDP não pagar a obra, e devia ser influenciada a fazê-lo, projectem a Ponta Nova de Parada na confluência dos três territórios – concelhos de Vieira do Minho, Amares e Terras de Bouro – e os três Municípios que assumam os encargos com esta obra, francamente, não se percebe que Terras de Bouro fique de fora deste investimento do qual beneficiará, pelo que esse Município deverá ser solidário com os outros dois.

Porque sou amigo do Prof Manuel Moreira e do Manuel Tibo, Presidentes das Câmaras Municipais de Amares e de Terras de Bouro, respectivamente, dar-lhe-eis conhecimento deste artigo de opinião, que também chegará ao conhecimento do edil de Vieira do Minho.

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