Estrada Nacional 103

A Estrada Nacional 103 inicia-se, consideremos assim, no litoral, em Viana do Castelo, atravessa o Minho, entra em Trás-os-Montes, em território barrosão, e termina em Bragança. Uma estrada classificada, fazendo parte integrante da rede rodoviária nacional, contudo, não poderá ser entendida como uma estrada moderna, que responda às necessidades das populações que serve.

Desde logo, esta estrada deve ser dividida em 3 percursos distintos:

1 – Viana-Braga, atravessando Barcelos;

2 – Braga-Chaves, com passagem nos concelhos de Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Montalegre e Boticas;

3 – Chaves-Bragança, atravessando Vinhais.

O que nos importa agora analisar é o percurso entre Braga e Chaves, num total de 128 Km, tratando-se da estrada de referência para as populações dos concelhos da Póvoa de Lanhoso e de Vieira do Minho, bem assim, da sub-região de Barroso.

Esta estrada, que não tem nada a ver com a via romana entre Bracara Augusta e Aquae Flaviae, mas travessa os mesmos territórios… se no passado era de importância estratégica acrescida, presentemente, também o é.

Neste percurso, entre Braga e Chaves, também há aspectos diferentes a considerar:

É uma estrada muito razoável entre a capital do distrito e a localidade do Pinheiro, no concelho da Póvoa de Lanhoso, podendo dizer-se ter sido bem intervencionada nos anos 90 do século passado, o mesmo não se pode dizer do percurso que começa na “rotunda das bolas” para montante, que ocorreu poucos anos depois, até ao limite do distrito, no Lugar do Cambedo, freguesia de Campos. Da Venda Nova até Chaves, já no distrito de Vila Real, em grande parte do percurso, as melhorias foram consideráveis, podendo ainda ser requalificada em alguns pontos da estrada, não se descurando haver duas alternativas para Chaves, ora pelos Pisões, via 103, ora por Salto/Boticas, via EN311, até Sapiãos, numa distância encurtada de poucos quilómetros. Presentemente, a partir de Montalegre, pela zona da raia, também há uma estrada intermunicipal muito razoável, com tendência a melhorar do lado de Chaves, que também poderá ser entendida como uma opção.

Ninguém tem dúvidas que a requalificação da EN103 na zona designada por Serra do Carvalho, nos concelhos de Braga e da Póvoa de Lanhoso, foi notável, ainda hoje serve perfeitamente quem utiliza esta via, podendo considerar-se aceitável, o mesmo não se poderá dizer da intervenção da estrada entre o Pinheiro e a Venda Nova, pese embora tenha sido rectificado o traçado, alargado o perfil, melhorado o pavimento e a sinalética, mas, subsistem problemas estruturantes na via.

Assim, entendo que o troço de estrada que mais importa requalificar é, precisamente, no percurso entre o limite dos distritos de Vila Real e Braga, no Cambedo,  e a localidade do Pinheiro, na freguesia de Lanhoso… se recuarmos três décadas, considerando o tráfego da altura, temos que o tempo para percorrer este percurso é praticamente o mesmo dos dias de hoje.

Todos os dias utilizo a Estrada Nacional 103, no percurso entre as Cerdeirinhas e Braga, havendo dias, como o foi hoje, que é um calvário até chegar à Serra do Carvalho. Para além dos locais onde o limite legal de velocidade é 50 km/h, há ainda quem insista manter essa velocidade todo o percurso, pois deve ter muito tempo para chegar ao destino, se não forem ultrapassados nos locais próprios, quando há a sorte de não vir ninguém de frente, só há 400 e poucos metros junto à antiga sucata para o fazer em segurança, depois, são mais de 8 quilómetros a marcar passo até à Serra do Carvalho.

Este tipo de constrangimento não me causa um transtorno maior, já conto com ele, mas é factor preponderante para condicionar a economia local, as empresas não se fixam com este tipo de acessibilidades, por outro lado, também as populações pensam duas vezes se se devem manter nas suas terras de origem, ou passarem a residir nas cidades onde trabalham, levando consigo a família. Há muitas pessoas, que conheço, que passaram a viver em Braga porque viver em Ruivães, Salamonde, Louredo, Ventosa, mesmo Tabuaças e Vieira do Minho, para além dos encargos com o combustível, a estrada torna a distância longa, ficando as pessoas afastadas das suas terras de origem, com todos os problemas sociológicos associados – só ficam os velhos…

Vieira do Minho está a 33 quilómetros de Braga, mas continua a mais de meia hora de percurso de carro, de autocarro de transporte público, será mais, seguramente!

Os autarcas da Póvoa de Lanhoso, porque têm um bom acesso directo a Braga, tendo ainda acessos para Guimarães e Fafe, não me parece que estejam muito interessados em lutar pela melhoria da 103 do Pinheiro para montante, quanto aos políticos de Montalegre e Boticas, também estou certo, pensam mais na ligação a Chaves e à Auto-estrada, esquecendo-se que muitos fregueses de Barroso têm uma relação natural a Braga, aliás, sempre tiveram, nesta cidade vivem muitas centenas de barrosões!

Assim, cabe aos políticos de Vieira do Minho lutarem com todas as suas energias, junto do poder central, no sentido na requalificação da estrada nacional 103, entre o Limite do distrito e a Serra do carvalho, devendo ser, os outros autarcas, solidários com esta legítima luta política, que irá, certamente, ao encontro dos anseios das populações servidas por esta estrada. Bem sabendo que os tempos são de crise e não podermos esperar, para já, qualquer melhoria, pelo menos, que sejam feitos projectos de trajecto, por forma a criar um corredor que impossibilite construções que, no futuro, venham a inviabilizar a rectificação desta estrada, considerada da maior relevância para a região, tratando-se de uma via rodoviária que está considerada como uma das 10 estradas mais perigosas de Portugal, conforme estudo feito a partir dos dados estatísticos da sinistralidade do portal da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (http://www.ansr.pt/Estatisticas/RelatoriosDeSinistralidade/Pages/default.aspx ), que pode ser consultado em https://www.e-konomista.pt/estradas-mais-perigosas-de-portugal/

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