OS CEMITÉRIOS PARA ALÉM DE LOCAIS DE CULTO SÃO, ESSENCIALMENTE, LUGARES DE MEMÓRIA E DE SAUDADES.

O dia 02 de Novembro de cada ano a Igreja Católica dedica-o a todos os Fiéis Defuntos, daí ser designado por “DIA DE FINADOS”, sendo um dia aproveitado por muitos crentes para se deslocarem aos Cemitérios para prestarem homenagem aos seus familiares e pessoas próximas já falecidas.

Por conveniência da generalidade das pessoas, a visita aos Cemitérios ocorre no dia 01 de Novembro, uma vez ser feriado, religioso, dedicado a “TODOS OS SANTOS”, e Santos são todas aquelas Mulheres e Homens que viveram uma vida de exemplo, portanto, muitos mais que aqueles reconhecidos pela Igreja Católica. A este propósito, estou agora a recordar-me do que me dizia a minha tia e madrinha Lindinha, sobre o dia de hoje, que deveria ser aproveitado para recordar todos aqueles falecidos que estavam esquecidos, ou porque já não havia família viva, ou porque, tendo-a, desprezavam essa existência falecida, tendo sido criadas pelos crentes as designadas Confrarias das Almas, precisamente, para organizar as cerimónias religiosas relacionados com o culto dos mortos e tudo o que lhes está associado, nomeadamente, Missas pelas Almas e os eventos nos Cemitérios.

Os Cemitérios, conforme os conhecemos hoje, foram uma exigência legal, através da publicação de um Decreto-Lei de 1835, obrigando os enterramentos em locais próprios, proibindo-os nos adros da Igrejas e, mais ainda, no seu interior, por razões que hoje não se contestam, mas, à época, a par com outras decisões dos governantes, provocaram as piores reacções das populações, estando na origem da Revolução do Minho ou da Maria da Fonte, na Primavera de 1846, cuja génese esteve, precisamente, em Vieira do Minho, com a figura do Padre Casimiro à frente dos revoltosos.

Ora, a partir de então, paulitanamente, começaram a surgir os Cemitérios em todas as Paróquias do país, a maior parte, propriedade colectiva dos paroquianos, sendo que em muitas destas divisões eclesiásticas construíram-se mais de um Cemitério, atento a distância dos lugares entre si, como acontece ainda hoje nas freguesias de Ruivães e em Rossas, contrariamente às freguesias de Vieira do Minho e Mosteiro em que apenas há um Cemitério comum, isto porque, ainda há poucos anos, a paróquia era a mesma – S. João Baptista do Mosteiro – apesar da separação administrativa das duas freguesias ter ocorrido em Maio de 1933.

Ontem, como sempre, foi dia de fazer a minha visita ao Cemitério, nesta altura, muito asseado e sempre muito concorrido, com muita gente, muita dela, vinda de longe para homenagear os entes queridos, para depois regressarem às suas vidas fora da nossa querida terra.

O Cemitério de Vieira do Minho já foi um espaço sombrio, feio, ao abandono, tendo vivido paredes meias com uma lixeira malcheirosa, contudo, há pouco mais de meia-dúzia de anos, foi intervencionado, com ampliação da área, com instalação de equipamentos de apoio, com a pavimentação dos caminhos internos, enfim, uma mudança muito positiva que deu a devida dignidade a este espaço público. De lá para cá, nada mais foi feito digno de referência, apenas a salientar o trabalho feito pela junta de freguesia que dotou o espaço com materiais para uso dos utentes no embelezamento das sepulturas, portanto, uma boa iniciativa da autarquia local da freguesia de Vieira do Minho.

Ontem, percebeu-se bem o caos que ocorre todos os anos com o trânsito, o mau tempo também não ajudou nada, mas a verdade é que nos funerais mais concorridos, digamos assim, o problema subsiste, pois o espaço para o estacionamento é pouco e a rua principal é estreita, mas, se do dado do Mosteiro o Cemitério está confinado ao arruamento lateral, do lado de Vieira do Minho tal já não se passa, havendo ali um terreno particular, que já teve um letreiro com indicação de venda, que bem podia ser negociado para acautelar um possível alargamento do Cemitério, tanto mais que os espaços disponíveis para sepulturas começam a escassear, bem assim, permitir um acesso diferenciado a partir do Bairro de Cubos.

Fez ontem alguns anos, à margem da romagem dos Bombeiros Voluntários ao talhão dos combatentes (militares e soldados da paz), à qual sempre se associa o executivo municipal, que em conversa com o actual Presidente da Câmara Municipal, lhe dei conta da necessidade de criar um corredor entre a parte de cima de Igreja Paroquial de Vieira do Minho e o Cemitério Municipal, essencialmente, para os cortejos fúnebres, podendo ter, naturalmente, outras utilidades para as pessoas. Recordo que concordou comigo, que era pertinente a minha ideia e que iria pensar nisso num futuro próximo. Certa vez, quando voltámos a falar no assunto, seria o último ano do 1º mandato, disse-me que a negociação poderia não ser fácil, que iriam pensar nisso no segundo mandato, se ganhassem as eleições autárquicas. Ora, ganharam as eleições, já lá vão dois anos, e não me parece que tenha voltado a pensar no caso!

Estou certo que seria uma grande melhoria, desde logo, encurtava a distância entre a Igreja Paroquial e o Cemitério, evitavam-se os constrangimentos no trânsito na rotunda da Igreja e na Estrada Nacional 304, para além de poder contribuir que muitas pessoas acompanhassem os cortejos fúnebres até ao cemitério, pois, também o tempo seria encurtado com essa nova acessibilidade.

Bem sei que os terrenos são privados, por isso, terão de ser negociados entre as partes e, caso não se chegue a acordo, atento o interesse público na melhoria, há sempre a possibilidade de expropriação… Quanto ao dinheiro para a obra, folgo em saber que o Município goza de capacidade financeira, por isso, venham mais obras e mais investimento público, diminuam-se os gastos nas festas que não tragam retorno financeiro.

Então, bom fim-de-semana e até um dia destes.

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